Letras & Fitas...

A poesia está para a prosa assim como dançar está para caminhar.

Então dance...

E mesmo que siga meus passos só eu sei aonde eles vão levar...

sexta-feira, janeiro 16

A História de "Sujeira"- Parte I

Sim.
É mais um corpo que cai...
Mas uma vida de um amigo que não volta nunca mais.

É foda, não entendo.
Era todo mundo irmão
Desde criança batendo bola no calçadão.

Crescemos junto, era todo mundo cria.
Um sempre defendia os corre e o que os manos faziam.
Todo dia na irmandade.
Pensei...
No fim achei que ia prevalecer a união
Mas eu só vejo os manos se matando
Já não é o primeiro, não
E pro ultimo ainda muitos estão faltando.

Lamentável, assumo....
Não sei o que fazer
Vejo e testemunho
Realidade que não quero ver.

O irmão caindo, um aliado
E aquele que matou, conspirou...
Também era o menor que tava do meu lado.

É errado,
Mas não tem solução.
Amigo de infância.
Matança de irmão.

Daqui pra frente à galera se desfaz,
Alguns já foram embora,
Quem fica já não sabe se é capaz.
Se o que faz é o certo, se pode ajudar,
Meu proceder, meu dia-a-dia,
É cada um na correria,
Mas sempre é bom se tem em quem se apoiar.

Mas se agora um ta matando o outro
E eu to aqui no meio,
Estala o pipoco,
E no meu ouvido passa o tiroteio.

Não tento escapar, mas não me fere,
Só o que interfere é quando essa bala te acerta.

Pra quem vai a vida acaba, já passou a intempérie...
Mas pra quem ainda ta aqui vida loka é incerta.

A dor que aprisiona...
Vontade de mudar sem conseguir.
Fantasmas que me rondam me assombram...
Me seguem até onde não posso ir...

Eu rezo... é pelos que estão vivos.
Pro poucos que mesmo na maldade são amigos.

E não batizam na família a facção.
Não ajo na encolha e não aceito a trilha imposta sem opção.
Respeito suas escolhas.
Respeito a sua luta.
Mas desprezo e rejeito
Quando qualquer filha da puta atinge o peito
Do meu irmão.

Dois tiros na cara do moleque.
Só tinha duas balas,
Mas ele ia dar quantas tivesse (no pente).
Sem parar pra pensar.
Não reflete, nem sente.
Que um dia alguém vai cobrar.

Aqui na Babilônia ou lá em cima.
Não importa!
O karma permanece
Aquilo que tu faz é o que volta.
E seguir a vida que te leva, mas fatos a gente nunca esquece...

É foda não ter a solução,
Amigo de infância.
Matança de irmão.

Era menor, eu conheci.
Geral chamava de Sujeira,
E tinha várias fitas por aí.
Nunca tava de bobeira, malandro...

Na pista queria se afirmar, colar com o bando...
Mas junto com os amigos não tem bronca.
Tu sabe como é.
Se bota marra nego zoa, apronta
E quem não agüenta, nem cola...mete o pé!

Aí é gastado, perdeu a moral
Chamado de cuzão, jow...(fanfarrão)
Ninguém imaginava que um dia,
A revolta vingaria todo mal que ele juntou.

Era só brincadeira entre amigos
E ele se estressou.
Botou a peça na cara do Gordinho,
Não tinha feito nada,
Sujeira meteu que ele xis-novava.

E nunca aconteceu.
Ali eu vi a neurose do bagulho,
Naquela confusão
Dogor comprou o barulho e se meteu.

Maior doideira, (vários anos atrás...)
Sujeira de peça na mão,
Mas perante o amigo nada faz.

Ter arma e não dar não é ser cuzão.
Tapa dentro da cara Gordo deu,
Sabia que tava com a razão.
Aí morreu...

Na época foi o que eu tinha pensado.
Fiquei meio afastada,
Voltei, Sujeira tava agarrado.
Fechou com facção, vai se vingar.
Mandou dar logo o papo:
“Quando sair vou aterrorizar!”

Dito e feito.
Já ta acontecendo.
Não tinha o que fazer,
Desenrolo e pá, mas não entendo...

Sábado. Já foi um amigo...
Outro ta prometido.
Já sabe qual vai ser. (nem vou dizer...)

E pra tu, Gabriel:
Vai em paz, vai pra cima
No teu dom o nome rima, seu lugar é o céu.